quinta-feira, 22 de março de 2012

Thor deve ter o tratamento que Wanderson teria se o matasse


Por Eduardo Guimarães em seu blog
Li e ouvi todo tipo de análise sobre o acidente envolvendo Thor, de vinte anos, filho de Eike Batista, e um cidadão sobre o qual pouco se sabe além do nome, Wanderson Pereira da Silva, de trinta anos. Algumas dessas análises se inclinaram pela culpa da vítima, outras pela de quem atropelou, algumas poucas tentaram ficar em cima do muro e houve até politização do caso ao dizerem que estariam tentando atingir o atropelador devido às ligações políticas de seu pai.
Uma dessas opiniões causou-me espécie. Alguém escreveu – não exatamente com estas palavras, mas neste sentido – que “toda vez” que um rico ou famoso é acusado de algum crime logo se levanta uma onda de linchamento contra ele. Dito assim, a gente logo pensa em uma caça às bruxas que haveria contra os ricos, quando o que há de fato, no Brasil, é uma plutocracia em que ricos jamais respondem por seus crimes.
A menos que tenham prejudicado a outro rico.
Uma quadrilha de jovens de classe média alta, com pais “influentes”, ateou fogo ao corpo adormecido de um índio, há pouco mais, pouco menos de uma década. Nada de muito severo aconteceu com eles. Ficaram alguns poucos anos em prisão domiciliar, que as notícias mostram que jamais cumpriram direito, e seguiram com suas vidas, apesar de terem sido autores de uma cena de filme de terror.
Esses assassinos hediondos estão soltos na sociedade, hoje, sem que se saiba se não continuam sendo os sociopatas que eram. E, além disso, a impunidade relativa com que foram brindados vem estimulando novas fogueiras humanas de moradores de rua.
Ah, eram jovens, certo? Bem, se quiserem um exemplo de impunidade de gente sem a desculpa da juventude, vejamos o caso de Pimenta Neves, ex-diretor de Redação do jornal O Estado de São Paulo que assassinou uma ex-namorada pelas costas e, ao fim e ao cabo, deverá ficar não mais do que dois anos, dois anos e pouco na cadeia. E ninguém falou mais do assunto.

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